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Começando a jornada - Autoconhecimento # 1




Olá, pessoal!



       Como prometemos aqui, esse é nosso primeiro post da série sobre Autoconhecimento e Desenvolvimento pessoal

A nossa intenção não é simplesmente dar "dicas poderosas" e genéricas para que você as aplique e mude sua vida, como faria qualquer livro de autoajuda do mercado. Não. 

Nosso blog tem como diferença ser um espaço de reflexão, e essa série vai demonstrar como isso funciona. Vamos começar uma jornada em que você vai aprender a se ver, se interpretar e se conhecer, e daí em diante, poder mudar. 

 Tal mudança não visa primeiramente um aspecto específico da sua vida, mas leva em conta a sua pessoa. Toda e qualquer alteração que você fizer em qualquer área, será apenas um reflexo do seu novo modo de ser.

Esperamos que você ao final dessa jornada esteja mais apto e em condições de viver uma vida mais real e, portanto, mais satisfatória e feliz

     Vamos lá, então!


Que tal começar com um filme?


     Você provavelmente gosta de cinema? E gosta também de uma boa história com personagens interessantes? Mais ainda quando o filme faz pensar sobre a vida? Nós também. 

     Há um filme da categoria suspense que, lendo do ponto de vista do tema do nosso do blog - autoconhecimento -, podemos usar como base para nossas reflexões a seguir.


     É o filme Passageiros.


     Passageiros é um filme de 2008, estrelado pela belíssima Anne Hathaway, e gira em torno da psicóloga Claire Summers, que é chamada de emergência para tratar de um grupo de pessoas que sobreviveram a um acidente aéreo. Com o tempo ela acaba se envolvendo com um dos seus "pacientes" e tudo se complica. 

     Bem, isso é o que parece aos nossos olhos. Mas será mesmo essa a realidade do filme

     Claire, a personagem do filme, é representada como sendo objetiva, séria, focada. Tem uma visão muito rígida e fria de como devem ser as coisas. 

     Esse filme nos traz esta reflexão: até que ponto estamos vendo, sentindo, percebendo o que é real? 

     
     A questão básica que nos guiará ao logo de toda essa série tem a ver com isso: o que é a realidade? 

     Autoconhecimento tem a ver com perceber, conhecer e saber lidar com a realidade que constitui cada um de nós.


     Tudo o que vemos, sentimos, e achamos que sabemos, é de fato a perfeita expressão da realidade?  
Ou só vemos o que estamos preparados para ver?

      É tentador e normal dizer que sim. Afinal, quem vai querer reconhecer que não sabemos o que realmente está acontecendo?     


     
Deixando de lado outra leitura possível que é o tema sobrenatural, Passageiros, claro que de uma forma especial e exagerada típica do gênero com o qual se veste, faz saltar aos olhos de cara uma questão: a correlação entre percepção e realidade.  
     E é exatamente essa questão que faz da película algo com que nos identificamos.  
    Tem tudo a ver com a nossa experiência cotidiana no mundo real.
   
     Afinal, o que percebemos é ou não a própria realidade?



     "Construímos as nossas mentiras com pedaços da verdade"

   




 

     Essa frase, dita a Claire em um momento crítico pelo seu professor e mestre, resume bem tudo o que está acontecendo aos personagens do filme. E principalmente com ela.
    
     Essa frase é profundamente provocativa para nós, aqui no mundo real também.

     Autoconhecimento é uma forma de descobrir que tipo de mentiras contamos a nós mesmos a partir de elementos verdadeiros.

Conhecimento e realidade 

     Quantas vezes nos enganamos, quando "tínhamos certeza" de algo? 
     Quantas vezes os elementos da realidade pareciam apontar numa direção, e o resultado foi na direção contrária? 
     Quantas não foram as situações nas quais, por falta de peças do quebra-cabeças, nos precipitamos e julgamos mal uma situação? 

    Alguém já disse que o bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo. Todos acham que já têm o suficiente e não querem ter mais do quem têm. Verdade.


     É o outro que sempre está errado e iludido. Nós, nunca. 

     Por mais que erremos, sempre pensamos que estamos certos. Esquecemos ou ignoramos as vezes em que erramos e nos lembramos só das vezes em que acertamos.

     Mas erramos. E mesmo quando pensamos estar agindo a partir da realidade, ela sempre nos surpreende. 


     Gosto de pensar que vemos o mundo segundo o que podemos chamar de correspondência aparência-realidade:


     Parece, é. 

     Não parece, não é.

     Todos em teoria concordamos que nem sempre é assim. Gostamos, para parecer críticos, de repetir que as coisas nem sempre são o que parecem.


     Mas na nossa prática diária dominam os julgamentos e decisões simplesmente baseados na relação íntima entre aparência=realidade. 
     Sempre estamos fazendo como se conhecêssemos toda as peças do quebra-cabeças da realidade.

     O momento libertador para qualquer pessoa em processo de autoconhecimento é quando ela começa a pensar ou dizer: 

     "Será que tudo o que percebo, acho que sei, acredito, é de fato, real?"

      
      Depois que nos damos conta da incapacidade que temos de captar plenamente a realidade, nunca mais as coisas são as mesmas.             
       Ficaremos sempre desconfiados, ainda que de uma maneira boa, porque agora estamos conscientes de que a realidade é sempre maior e mais ampla.

     Ao que tudo indica, essa capacidade de autocrítica é uma tendência natural

     Isto é, você já nasce com um cérebro voltado para o questionamento, para a crítica. Ou nasce crédulo. Não há muita escolha.

     Parece ser assim porque vemos o quanto para alguns o pensamento crítico e auto-crítico é fácil, quase automático. Enquanto para outros cogitar em questionar a realidade é praticamente um absurdo.



     Ao começar a se questionar e ir além das aparências das coisas, seja sobre você ou sobre o mundo em volta, não se surpreenda se você se tornar menos tolerante com gente cheia de si, que fala sem pensar, e palpita sobre qualquer coisa, como se de tudo entendesse. 

     Crédulos, sabichões, achistas e preconceituosos vão lhe parecer insuportáveis. É normal. E isso nos exige dar mais um passo em nossa reflexão.



Você acha ou você quer?

      Pergunte a qualquer fã de futebol, "No próximo jogo do seu time, quem você acha que vai ganhar a partida?", em praticamente 100% dos casos a resposta será algo como "O meu time, lógico!". 

     Para confirmar faça a mesma pergunta, mas troque o verbo "achar" por "acreditar". A resposta será a mesma. 

     Você pode ter percebido que há uma pegadinha na pergunta, mas provavelmente um fanático (seja por futebol, política, ideologia, etc.) jamais notaria. 

     Em outras palavras, se achar fosse sinônimo de pensar a partir dos fatos, a crença, associada com o desejo, não deveria vir associada. Pensar e acreditar são coisas diferentes, ao menos para pessoas mais racionais. 

     Logo, se achar é confundido por essas pessoas com acreditar, o achismo não é baseado nos fatos, mas nos desejos.

     Quando alguém quer uma coisa, isso é provavelmente o que ele achará que realmente vai acontecer. Ele não difere entre achar e querer

     Isso é um problema quando analisado mais de perto. O querer muitas vezes inventa todo um mundo de experiências que passam a ser a "consciência" que alguém tem da própria realidade. Embora uma falsa realidade. 

     Claire, a personagem do filme, é assim. Lembra da frase?
     
"Nós criamos uma mentira com partes da verdade" 
     
     

Você sabe ou acredita?

     As pessoas costumam confundir acreditar e saber. Sempre dizem "eu sei disso" quando querem dizer "eu acredito nisso". 

     Saber é quando se prova alguma coisa pelos sentidos, pelas experiências. 
     Acreditar é quando se espera algo baseado no desejo de que aquilo seja
     De novo: quem sabe, conhece; quem acredita, espera e deseja.

     Até cientistas e céticos em geral usam a expressão "eu acredito". Não deveria ser assim. 

     O conhecimento e o saber se faz pela análise fria e objetiva dos fatos da realidade.

     Aos crédulos, quando alguém diz "eu acredito", isso soará como se o método científico de verificabilidade dos fatos se baseasse, como as experiências de fé, em desejo e esperança: "não vi, mesmo assim, acho/acredito/sei que é assim".

     O ideal seria trocar o termo acreditar por considerar.  "Eu considero" soa como o resultado de algo que foi fruto de análise cuidadosa, metódica e objetiva dos fatos.


Realidade e fantasia

     Voltando ao filme Passageiros: onde não iríamos parar, se achássemos que sabemos o que de fato não sabemos, conduzidos pelo achismo e pelo desejo? 

     Se estamos acostumados com uma realidade vamos sempre querer nos manter presos a ela, ainda que para isso tenhamos que inventá-la ou distorcê-la. 

     Só quando ultrapassarmos todos os limites da razoabilidade é que "cairemos na real" - e depois de muito sofrimento à toa -  assim como a personagem Claire.

     "Uma mentira repetida por muito tempo, se torna uma verdade". Já ouviu essa?


     Mas não precisa ser assim. A vida não tem de ser mais complicada do que já é. Podemos encarar as coisas de outro modo. Começando, claro, por nós mesmos.


     Isso é o que trataremos no próximo post.
 

     Até mais!

 


    


      





 



     

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