Ilusão e realidade
(Post 1: Começando a jornada)
Vivemos de ilusões desde muito cedo. Nossas primeiras experiências ilusórias são feitas de estórias, fábulas e contos que nos embalam num mundo de fantasias e de seres imaginários.
Claro que essas estórias têm o objetivo de entreter e, de certa maneira, o de educar.
A nossa mente, no entanto, parece tender a trazer esse mundo de fantasias para o mundo real, e tudo se complica.
Sim, é claro que a nossa capacidade de sonhar, de planejar e visualizar o que queremos, nos ajuda a transformar a realidade, pelo menos até certo ponto.
É a nossa imaginação funcionando. E por meio dos nossos sonhos e planos, ela pode nos gerar frutos fantásticos.
Mas ela pode se transformar também em nossa pior inimiga, se, em algum momento do processo, não for educada e direcionada.
A imaginação solta, sem auto-crítica, pode nos convencer de ilusões, ainda que a intenção original fosse nos levar ao que todos procuramos: conforto psicológico e material.
O mais importante deles é o conforto psicológico. Todas as outras atitudes nossas visam garantir esse conforto, inclusive o conforto material quando obtido, seu objetivo final é fazer nos sentir bem.
Para nos sentirmos confortáveis psicologicamente a previsibilidade dos efeitos de todas as atitudes que tomamos tem de estar garantida.
Nós seres humanos só nos aventuramos quando somos exigidos. No geral, ficamos sempre no costumeiro, ou seja, seguimos os métodos comuns e tradicionais. Zona de conforto é vida, sim.
A previsibilidade nos dá segurança. E assim vamos criando na mente a ideia tola de que se prevermos e nos prepararmos para tudo, as coisas serão como queremos sempre.
Mas a vida nem sempre segue o roteiro.
O previsível e o imponderável
Visualize o cenário:
Você planeja ir estudar na Europa. Para isso, cuida de todos os meios necessários para conseguir o seu objetivo: levanta a grana, decide qual será a instituição de ensino e, finalmente, escolhe o local de hospedagem. Tudo acertado.
Você atualiza os seus documentos e tira a passagem. Chega o grande dia, a sua família e amigos o acompanham até o aeroporto. O voo está no horário. Momentos dos abraços e beijos de despedida. Você embarca.
Já sentado, enquanto o avião decola, você imagina como será bom a estadia de um ano em outro país e o quanto aquilo facilitará a sua vida profissional na volta.
É difícil viver com o fato de que não temos o controle de nada. Isso é assombroso.
Planejamos e desejamos tanto. Tudo parecia tão seguro e perfeito. Mas não contávamos com a astúcia das variáveis incontroláveis, das condições imprevisíveis, numa palavra, o imponderável.
Há toda uma literatura especializada (autoajuda) em nos revelar "o segredo" que vai garantir o controle de tudo e o sucesso em qualquer coisa que fizermos. Tudo tem de dar certo. Nós ansiamos por esse controle e, como crianças, nos lançamos feito loucos sobre esse material e o consumimos.
Mas na verdade, não funciona assim. No fundo sabemos disso. Apenas fugimos e fingimos que vamos sempre ganhar. Tentamos outro livro, outro coach (orientador para o sucesso), outra terapia oriental. Fazemos isso de maneira tão sistemática que alguns de nós chegam a negar até a existência da morte. Sim, o extremo do otimismo é a alienação existencial...
Quando, no entanto, colocamos as perguntas certas e olhamos a vida com realismo, mais e mais vamos nos dando conta de que ela se mostra como o resultado da combinação das nossos recursos pessoais com os eventos aleatórios que chamamos popularmente de "sorte".
Maquiavel, escritor do século XVI, para explicar essa ideia, usava os conceitos virtu e fortuna.
Quando, no entanto, colocamos as perguntas certas e olhamos a vida com realismo, mais e mais vamos nos dando conta de que ela se mostra como o resultado da combinação das nossos recursos pessoais com os eventos aleatórios que chamamos popularmente de "sorte".
Maquiavel, escritor do século XVI, para explicar essa ideia, usava os conceitos virtu e fortuna.
A virtu é o total de habilidades e competências que eu tenho e que posso desenvolver.
A fortuna tem a ver com todos os elementos do acaso, incontroláveis e acidentais.
Se tendemos mais à virtu, nós nos super estimamos e passamos a pensar que somos super-homens disfarçados de Clark Kent. A frustração não demorará.
Se nos fixamos na fortuna, acabaremos achando que somos como plantas, vítimas das circunstâncias, totalmente determinados.
Num gráfico imaginário, em que os conceitos são representados por uma linha horizontal e outra vertical que se cruzam, nós tendemos a ser a linha curva e tensa, variando ora para um lado ora para outro.
Saber quando somos mais "afortunados" ou mais "virtuosos", a cada momento ou fase da vida, vai depender do quanto nos conhecemos.
Saber quando somos mais "afortunados" ou mais "virtuosos", a cada momento ou fase da vida, vai depender do quanto nos conhecemos.
E o autoconhecimento nos faz entender que nem sempre faremos a escolha correta, pois não somos frios e racionais o tempo todo.
Podemos tender a virtu, quando tudo mais dependia mesmo era da fortuna, assim como podemos nos voltar para a fortuna, quando tudo se resolveria com um pouco mais de virtu.
Todavia, seja lá como for a nossa atitude, mais ou menos irracional, o nosso controle sobre as coisas será sempre relativo.
Assista abaixo como explica isso o palestrante Leandro Karnal:
Em suma, no máximo nós podemos nos preparar do melhor modo possível para lidar com as exigências da vida.
E lançar mão de todos os recursos disponíveis é o que devemos fazer para tentar alcançar os nossos objetivos.
Contudo, o sucesso pessoal resulta sempre de uma intrincada relação de fatores sobre os quais jamais teremos o controle absoluto.
Então:
Como viver?
Com o que de fato podemos contar?
Quando agir?
Quem somos nós?
É sobre isso que trataremos no próximo post.
Até lá!
Podemos tender a virtu, quando tudo mais dependia mesmo era da fortuna, assim como podemos nos voltar para a fortuna, quando tudo se resolveria com um pouco mais de virtu.
Todavia, seja lá como for a nossa atitude, mais ou menos irracional, o nosso controle sobre as coisas será sempre relativo.
Assista abaixo como explica isso o palestrante Leandro Karnal:
Em suma, no máximo nós podemos nos preparar do melhor modo possível para lidar com as exigências da vida.
E lançar mão de todos os recursos disponíveis é o que devemos fazer para tentar alcançar os nossos objetivos.
Contudo, o sucesso pessoal resulta sempre de uma intrincada relação de fatores sobre os quais jamais teremos o controle absoluto.
Então:
Como viver?
Com o que de fato podemos contar?
Quando agir?
Quem somos nós?
É sobre isso que trataremos no próximo post.
Até lá!
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