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Mas afinal, o que é autoaceitação?

Olá, pessoal!



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Autoaceitação: simples autorreconhecimento!



       Talvez, dentre as muitas dificuldades que a vida pode nos apresentar, uma das mais complicadas e centrais seja a questão da autoaceitação.

       "Você precisa se aceitar. Esse é o caminho da felicidade."

         Algo, porém, de cara, parece estar errado. Se não com a intenção do termo, com a palavra em si utilizada e tão desgastada. 

       Afinal, se aceitar, assim, simplesmente, não seria um modo de fazer a vida parecer mais fácil do que é? Não estaríamos tentando reduzir o irredutível? Ou quem sabe não estaríamos disfarçando o nosso comodismo diante das dificuldades?

     Fica a dúvida:

       "Se me aceito, como posso mudar o que não me agrada para poder crescer?"

       Pronto. Polêmica instalada. Agora as coisas começam a ficar mais interessantes!

       Só precisamos saber o que fazer com a palavra autoaceitação. A intenção nela contida ainda pode nos ser útil.
      
       Procuramos nos aceitar na medida do possível, mas alteramos hábitos, tentamos melhorar e aprender coisas. Aí fica a sensação de transgressão, de desobediência. Estaríamos sendo hipócritas, dizendo uma coisa e fazendo outra?

       Contudo, em um momento ou outro da vida, chegamos a conclusão de que precisamos nos aceitar.

       Como fazer isso de modo que a prática transgressora combine com o discurso?

       Como mudar sem comprometer a autoaceitação? 

       Afinal, a autoaceitação faz ou não sentido? 

       Já dissemos: o problema é o termo.

       Talvez o problema pudesse ser resolvido se substituíssemos o termo por autorreconhecimento

       A palavra autoaceitação, dita assim de qualquer jeito, dá uma ideia de que está tudo certo conosco e que só precisamos aceitar as coisas passivamente.

       O autorreconhecimento, não. Você pode reconhecer-se de um modo ou outro, notar uma série de características, que serão mais tarde avaliadas e consideradas boas ou ruins, acitáveis ou mutáveis.

       A verdade é que, sendo autoaceitação ou autorreconhecimento, essa atitude engloba muito mais aspectos do que nos fizeram (talvez, sem querer) acreditar.

      Então, que tal entendermos e esmiuçarmos tudo isso melhor nas próximas linhas?


1 - Autoaceitação ou autorreconhecimento...


       Autoaceitação, como entendemos, é a capacidade de conhecer e de reconhecer todas as características pessoais que nos definem, independente de serem boas, ruins, mutáveis ou fixas. 

       Sem esse reconhecimento, não saberemos quem somos e nem como viver e nos relacionar adequadamente. 

       Reconhecimento feito, pés no chão, passamos ao segundo momento que é o da classificação: o que pode ser mudado, o que é inerente a nós, o que pode ser contornado.

       Por isso o termo autorreconhecimento cabe bem melhor, como já adiantamos na introdução. Você se conhece e passa a reconhecer em você tudo o que constitui o seu jeito de ser, tudo o que lhe agrada e desagrada, sua visão de vida e de mundo.

      Ao nos reconhecermos, aceitamos também que muito do que somos nos foi ensinado - às vezes não da maneira correta - mas que de qualquer modo hoje faz parte de nós. Coisas que nos deformaram e que, só aceitando que existem, podemos tentar mudá-las.

       Podemos dizer que o autorreconhecimento ou autoaceitação é a justa medida entre a autocrítica e a autoindulgência.
       
       Na autocrítica, você se acusa e se ataca o tempo todo pelos seus erros e defeitos. 
       Na autoindulgência, você se desculpa por tudo e não melhora em nada.

       Já dizia o antigo ditado: nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

       O autorreconhecimento é a postura madura de nos vermos e nos reconhecermos como somos e fazemos as coisas.

       Isso inclui:

       Nossos medos e procrastinações, que nos travaram e impediram de ousar e avançar em tantas situações.

       Nossas dores e mágoas que não queremos assumir, e que afetam tão negativamente as nossas relações.

       Nossos desejos, que por mais que os tentemos negar, sempre vão exigir a nossa atenção.

       Nossas frustrações, que nos despedaçam a alma e paralisam os nossos passos, já que não queremos revivê-las.

       Nossa aparência, que pode inevitavelmente abrir ou fechar portas em todas os campos da vida.

      Nossas transgressões, responsáveis por nos fazeram ir além dos nossos supostos limites e que, se refletíssemos mais sobre elas, veríamos que nos mostraram um mundo maior.
       

       O autorreconhecimento nada mais é do que o autoconhecimento posto em prática

       É o processo de compreender os limites entre o nosso querer, o nosso poder e a nossa impotência - essa tão relativizada hoje em dia!
      
       Autoaceitação é o exercício de reconhecer que as nossas características interiores ou exteriores, psicológicas e físicas, determinam o nosso comportamento no dia-a-dia, e desse modo o nosso destino. 
       
       Praticar o autorreconhecimento é tentar viver ao máximo a nossa complexa verdade pessoal, com tudo o que isso implica.

       E indo muito mais fundo nesse ponto, fiquem com as palavras do psicólogo Leon Seltzer:

"Para que passemos a nos aceitar, é necessário encarar que, em última análise, não somos realmente culpados por nada - seja a aparência, a inteligência ou qualquer um de nossos comportamentos mais questionáveis. Nossas ações foram compelidas por uma certa combinação entre o nosso histórico e a biologia. E para seguirmos em frente, certamente podemos - e, na maioria dos casos, devemos - assumir a responsabilidade pelo modo como ferimos ou maltratamos os outros. Contudo se quisermos ter mais resultados no processo da autoaceitação, devemos fazer isso com compaixão e perdão em nossos corações. Precisamos perceber que, dada a nossa programação interna até então, dificilmente teríamos nos comportado de forma diferente."


2 - Autoaceitação e crescimento


       Crescer só é possível quando sabemos o que somos e o que pretendemos ser. Você diz "eu reconheço/aceito que sou alguém que quer viver diferente". E aí tudo começa. Crescimento genuíno só acontece com autoconsciência.

      Você se aceita ou está aprendendo a fazer isso? Então, precisa reconhecer as suas necessidades de aprimoramento que são comuns a todos nós. Nascemos incompletos, toscos, nos sentindo muitas vezes no lugar errado, às vezes ouvindo que as coisas "tinham de ser assim".

       E aqui a autoaceitação, entendida do modo tradicional, se torna perigosa, pois pode sugerir que certas circunstâncias são incontornáveis. 

       Portanto, se você quer ser refugiar na autoaceitação somente para não reconhecer os seus profundos e legítimos anseios e vontades, você não esta se autoaceitando, está se auto enganando.

       Autoaceitação é o reconhecimento de nós mesmos com tudo o que veio no pacote. Inclusive a nossa tendência desejante, o nosso impulso por algo mais na vida. Se você é alguém inconformado, precisa reconhecer isso para não adoecer.

     Você é tímido? Aceite isso. É intolerante? Assuma que é. Morre de preguiça na hora de executar qualquer tarefa? Advinha o que tem de fazer?

       Agora, isso não quer dizer que você tem de manter todos esses limitadores e inibidores de vida intactos, não é? 
       Está na hora de enfrentar os seus demônios e se transformar, como der e até onde for possível ir. Andar, sair, ir além da sua condição atual é preciso. Já falamos dos perigos da zona de conforto.


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Autoaceitação: trancendência




3 - Autoaceitação e os limites pessoais


       Esse é o aspecto mais difícil do autorreconhecimento. Todos gostamos de nos sentir potentes, capazes, ("empoderados", para usar o termo do momento), mas jamais reconhecemos os nossos defeitos, erros e impossibilidades.

       Acontece que muito da nossa vida é mais determinado pelo que não podemos, do que pelas nossas capacidades, aquisições e sucessos. Já se deu conta?

      A vida, porém, tem suas regras próprias. E ela não está nem aí para os nossos princípios e pretensões pessoais. Quando não estamos configurados para alcançar algo, não adianta se debater. Não vai dar. Reconhecer e aceitar que batemos no nosso limite é o melhor a fazer.

       Aqui a autoaceitação se torna sabedoria. 

       Além da nossa preguiça, falta de motivação e disciplina, - que nunca podemos usar como desculpas para não nos mexermos -, há de fato os limites naturais que somos chamados a reconhecer, e continuar apesar deles. 
       Negá-los, fingindo ser o que não somos, além de não ajudar, acabará até nos expondo.

       Portanto, vamos cair na real! Essa história de se afirmar como forte, paciente, resiliente diante das situações que você só não muda porque não pode, não convencem. 

       Resistir, suportar situações é uma coisa, mas daí a se enganar, dizendo que ao fazer isso demonstramos força? 
       Não é verdade. É mentira. Isso é uma desculpa tola, arrogante. Só escancara a sua falta de reflexão e consciência. 

      Reconhecermos que estamos submetidos a uma situação só porque não podemos mudá-la, isto sim é sinal de inteligência. Não saímos porque não temos os meios e recursos necessários. 

       Se você sofre porque não consegue sair de algo, aceite a sua a situação. Reconheça-se incapaz.  

       Ademais, de onde tiraram a ideia de que quando você está sob mil dificuldades e problemas incontornáveis, isso sinaliza força? É o contrário. Isso sinaliza fraqueza, pois se você fosse forte - todos sabemos disso - nem você e nem ninguém se deixaria prender, derrubar ou limitar.

       Não finja que está feliz ao sofrer porque estaria aprendendo uma suposta lição. Não se deixe arrastar por essa forma doentia de autoapreciação. É ridícula e doentia essa atitude!

       Porque se algum recurso estivesse ao seu alcance, você não sofreria ou aguentaria essa situação nem por um segundo. Autoaceitação ou autorreconhecimento é isso. Saber-se também como alguém limitado 

       Simples assim.

       Menos desculpa, menos mentiras, ainda mais essas que você conta para enaltecer a si mesmo. 
       Todos somos fracos e temos o direito de assumir isso de vez em quando. E advinha quando a sua força aparece? Nesses momentos de autorreconhecimento da sua própria incapacidade. 


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Autoaceitação: ser mais você mesmo!


4 - Autoaceitação e transcendência


       Só sabendo quem somos e reconhecendo o que podemos e não podemos, podemos ser mais

       A maioria de nós não sabe bem quem é. E isso já nos convida para o autoconhecimento, que é um processo que tem começo mas não tem fim.

       À medida que vamos nos conhecendo, vamos reconhecendo tudo o que somos. Devemos isso a nós mesmos.
       Mas esse autorreconhecimento tem de ser incondicional
       Reconheça que você não sente como todo mundo, que não espera igual todo mundo, que não se contenta como todo mundo, que não pensa como todo mundo. 
       
       E transcenda.

       O resultado disso é que acabamos por nos tornar diferentes. Porque ao nos conhecermos (e nos reconhecermos), mudamos. 
       Mudamos a forma de como pensávamos ser. 
       Mudamos situações. 
       Mudamos a vida que teríamos.

       Analogicamente falando. É como se eu pensasse por muito tempo que sou um "A", então eu só formaria palavras começando com a letra "A". Mas então fosse descobrindo que sou também "B" e "C", e somente um pouco "A". Agora passaria a formar palavras que começam com "B", "C", e algumas até com "A". 

       Eu teria transcendido a minha própria realidade antes percebida. Minha consciência teria se tornado maior, ainda que inicialmente ela fosse reduzida à minha percepção da realidade A.

       Sim, todas essas mudanças implicam na criação de novos mundos. Isso é maravilhoso e desafiador. 
       Mas eis o "problema" com a transcendência: você começar a ser mais e ir superando o ser que você sempre foi.

       O difícil é você chegar nessa fase, com todos os retrocessos pelos quais você, nós e qualquer um passamos, quando decidimos enveredar pelo processo da autoaceitação, do autorreconhecimento.

       Mas, garanto a vocês. Vale a pena. 

       Se conhecer, se reconhecer pode nos mudar para melhor. Pode nos fazer crescer e transcender.


Até mais!
       

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