Olá, pessoal!
Já sabemos que acreditar demais é uma fonte de sofrimento para se evitar em 2018 (e não só!). Mas, como é de se esperar, a nossa capacidade para nos prejudicar não tem limites e damos mais um passo.
É curioso que, quando se trata de complicar as coisas, nós temos uma tendência a sofisticar os processos. Entra em cena, então, o nosso talento para dar vida e desenvolver as nossas crenças, produzindo os cenários e situações, suas cores e formas, e mesmo os personagens com seus comportamentos e falas.
Com vocês, a segunda fonte de sofrimento.
2 - Você idealiza demais
É, nós não simplesmente acreditamos. Nós fantasiamos e elaboramos todo um mundo de imagens e situações perfeitas. Criamos o nosso proprio universo encantado, nosso "país das maravilhas".
Todos temos um ideal de vida. O ideal em si é bom, pois é a partir dele que planejamos e imaginamos o que queremos fazer e ser.
O ideal só se torna um problema quando passamos a interpretar a vida e a esperar as coisas a partir dele e não dos próprios dados da vida.
Idealizar é quando perdemos o controle da nossa imaginação e fabricamos a realidade a partir das nossas fantasias. Uma falsa realidade, já que só existe dentro da nossa cabeça.
Pena que quando fantasiamos demais, as nossas idealizações costumam vazar para fora das nossas cabeças, assumindo o controle das nossas vidas.
Enquanto a realidade não bater à porta, fazendo com que as nossas mais belas fantasias se desfaçam como a névoa sob o calor do sol matinal, tudo parecerá bem. Mas o sofrimento não tardará.
Exemplos é o que não faltam. E certamente os que daremos a seguir ativarão outros tantos em forma de lembranças na sua cabeça. Memórias de fantasias que foram destroçadas pela vida.
Aquele namorado que você idealizou desde a primeira vez que o viu. Por um tempo, tudo o que você acreditou e fantasiou sobre ele pareceu corresponder aos fatos. Tudo era lindo.
Mas não demorou para aparecerem as primeiras fissuras nas paredes do seu castelo mágico. Fissuras que se tornaram rachaduras. E um dia, diante do seu olhar impotente, você testemunhou a ruína do seu conto de fadas.
Ela parecia a mulher da sua vida. O sentimento era recíproco. Tudo correspondendo. Vocês eram tudo o que cada um imaginou do outro.
Mas você descobriu pouco depois que ela o estava traindo. Ou talvez você viu que ela não era tão perfeita assim. Ou quem sabe não foi ela que de repente cismou que você estava aquém das expectativas dela?
Idealização demais...
Há sempre aqueles que vão além nas suas fantasias românticas. Se o namoro estava perfeito, por que não casar ou juntar as escovas de dentes?
A vida depois do casamento, porém, começou a perder o colorido, o encanto de antes. Desencanto é sinal de que a idealização está comprometida. Sabe aquela sensação do "O que é que estou fazendo aqui?"
Nas relações a dois, o ciclo da idealização costuma não durar. Ela se torna estranha. Ele começa a chegar tarde depois do trabalho e lhe maltrata. Ela já não é tão carinhosa. Ele aparece bêbado e quer lhe agredir. A rotina muda. O sonho acaba.
Podemos lembrar também daquelas suas amizades, gente por quem você "colocaria a mão no fogo". Pessoas para todas as horas. E por um tempo até foram. Agora, você não suporta nem cruzar com elas na rua.
Mas mesmo quando você vivencia isso, você não consegue acreditar. Não foi isso que você havia imaginado e idealizado que seria a sua vida.
O fato é que você substituiu os fatos da vida por uma versão bonita de tudo e de todos.
Quando idealizamos a vida, os namoros, os casamentos, os amigos são perfeitos. Eles nunca traem, mudam ou decepcionam.
Quem nunca?
Quem nunca viveu num mundo de fantasias? Quem nunca deixou o presente ruim para viver num futuro idealizado? Ou mesmo quem nunca selecionou apenas o que era interessante, para com aquilo compor o cenário ideal?
Quem nunca?
Até mesmo os nossos projetos profissionais são traçados com o mesmo material dos sonhos e desejos com que construímos a nossa vida afetiva. Você se convence que tem tudo no esquema, é ou não é? Mas tudo o que depende de vontades alheias às nossas é incontrolável.
Fantasia, só subsiste num mundo de fantasia. Mentiras e ilusões, por mais doces que sejam, um dia sucumbem perante a verdade, por mais amarga que essa se revele.
Às vezes "a gente constrói a mentira com partes da verdade", para citar uma frase do filme Passageiros. Alí, temos uma moça que não consegue aceitar a realidade. E como ela sofre ao descobrir que tudo agora era muito diferente. Teve de encarar.
Embora não possamos viver sem imaginar e idealizar os nossos objetivos - já que esse é o modo como planejamos os nossos passos - não podemos ficar à mercê da nossa imaginação.
Quanto mais fantasiamos, mais nos perdemos, mais nos deixamos levar, ficamos à deriva como um pedaço de madeira que caiu de um navio.
À deriva, promessas nos seduzem, sorrisos e perfumes nos cativam, abraços e tapinhas nas costas nos convencem. Ao sabor da maré das nossas idealizações, achamos que tudo é possível, até o impossível e o improvável.
Às vezes por uma noite de risos, por um elogio numa evento, por um encontro de duas horas, por um final de semana bonito, nos comprometemos por uma vida inteira.
As pessoas, elas sempre tem segundas intenções. E essas nem sempre correpondem às nossas, não na intensidade e pelo tempo que queremos.
Nós, nós sempre vamos ver o que queremos ver. Inclusive sobre nós. Reconhecer isso é fundamental. Nem sempre estamos dispostos a nos olhar como realmente somos. Nós sonhamos demais até sobre a nossa identidade. Inconscientes de quem de fato somos, idealizamos qualidades, capacidades, performances que executamos ou executaremos.
Às vezes a idealização nem começa em nós. Pode começar com os outros a nosso respeito. Se não formos autoconscientes, isso pode nos levar a colaborar com essas fantasias e loucuras alheias. No final, todos sofrem.
Quanto tudo é fantasia e aparência, mentiras e ilusões, não há espaço para a verdadeira felicidade.
E quanto mais iludidos, mais dolorosas serão as experiências. Mais implacáveis serão as acusações da nossa consciência a nos culpar.
E todos sabemos que o tribunal da consciência é implacável. As sessões são diuturnas e podem durar anos. É insuportável.
Após as quedas, a recuperação emocional é lenta. Ainda mais porque o sentimento de culpa parece sempre reabrir as feridas à medida que elas cicatrizam. É duro demais.
Idealizar e fantasiar sobre a vida não vale a pena, a não ser que você seja um escritor ou cineasta. Do contrário, o ideal mesmo é manter os pés no chão.
Todavia, só acreditamos demais e idealizamos demais a vida por que outra fonte de sofrimento está presente. Quer saber qual é?
Descubra no próximo texto.
Até lá!
3 fontes de sofrimento para se evitar em 2018... PARTE 1
3 fontes de sofrimento para se evitar em 2018... PARTE 3
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10 razões para não virar AMANTE
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