Autoconhecimento: e a sutil arte do FODA-SE!

Olá, pessoal!

Mark Manson: Eu ia colocar uma legenda aqui, mas, você já sabe!

Aviso importante: o texto a seguir é de um convidado, e contém palavrões. Nós sabemos que a nossa audiência é diversificada e alguns podem ser sensíveis à linguagem fora de certos padrões. Os que forem curiosos ou não tiverem problemas com isso, continuem lendo.

       Quem é esse convidado? 

       Mark Manson. Ele está de volta. Já o apresentamos aqui com esse texto.

       Mark é autor do livro best-seller nos EUA, A sutil arte de ligar o foda-se.- do qual foi retirado o artigo que estamos traduzindo e adaptando nesse post.

  ***

       Mark, explica para a gente como funciona essa técnica. 

       Boa leitura, pessoal!

Texto original


Na minha vida, já me fodi por muitas pessoas e por muita coisa. Eu também não me fodi por muitas pessoas e muitas coisas. E foi essas pelas quais eu não me fodi que fizeram toda a diferença.

O povo tem a mania de dizer que a chave para a confiança e o sucesso na vida é simplesmente "ligar o foda-se". Na real, a gente tende a se referir às pessoas mais fortes e admiráveis ​​que conhecemos pelo quanto elas tão pouco se fodendo. 

Tipo "Oh, olhe a Susie trabalhando no final de semana de novo, ela tá pouco se fodendo." 

Ou 

"Você ouviu que Tom chamou o presidente da empresa de cuzão e ainda ganhou um aumento no fim? 
Cacete, esse cara tá pouco se fodendo. "

Ou

"Jason foi lá e terminou o namoro com a Cindy em 20 minutos. Ele disse que não iria mais ficar ouvindo as abrobrinhas dela. Bro, esse cara tá pouco se fodendo.

Provavelmente, você conhece alguém em sua vida que, uma vez ou de outra, ligou o foda-se e fez coisas incríveis. Talvez houve um época na sua vida onde você simplesmente tava pouco se fodendo e acabou se dando bem no mais alto nível. 

Eu sei por experiência própria. Ao deixar meu trabalho tradicional em finanças, depois de só seis semanas e dizer ao meu chefe que eu iria começar a vender dicas de namoro online me colocou lá em cima no meu próprio padrão do "tá pouco se fodendo". Igual foi com a decisão de vender a maioria das minha coisas e de me mudar para a América do Sul. Eu fiquei me fodendo? Que nada. Só fui.

Mark Manson: a técnica demonstrada!

Agora, ligar o foda-se pode parecer simples de cara, é uma nova bolsa de burritos sob o capô. Eu nem sei o que significa essa frase, mas tô pouco me fodendo. Uma sacola de burritos parece incrível, então vamos apenas com ela.

A questão é que a maioria de nós luta a vida toda, se fodendo por situações que não é preciso. A gente se fode pelo atendente  chato do posto de gasolina sempre tá pouco se fodendo pela gente. 

Ficamos fodidos quando uma série de TV que gostamos foi cancelada. Fodidos quando a galera do trabalho não tá nem aí pra saber como foi "da hora" o nosso fim de semana. A gente fica fodido até quando está chovendo de manhã e a gente queria sair para correr. 

A gente vive se fodendo pra tudo. 

Este é o problema, meu amigo.

Porque quando a gente se fode demais, e sobre tudo, então a gente se apega a ideia de estar de boas ​​e felizes o tempo todo. E aí a vem a vida e fode tudo.

Na verdade, a capacidade de se preservar e se foder só por situações que valem a pena, certamente deix a vida muito mais leve. O fracasso vai ser menos punk. A rejeição vai não vai doer tanto. 

O que tô querendo dizer, se a gente ligasse mais o foda-se, ou se fodesse de modo mais consciente e orientado, a vida seria mais fodidamente mais fácil.

O que não a gente não vê é que há uma bela "arte de ligar o foda-se". Ninguém nasce já pronto para ligar o foda-se. Na verdade, a gente nasce já se deixando foder por tudo. Já viu uma criança chorar de se esgoelar porque o chapéu é o tom errado de azul? Exatamente. Que se foda.

Desenvolver a habiliidade de controlar e gerenciar pelo que se vale se foder é o que nos dá poder e nos mantém inteiros.

A gente precisa criar e aperfeiçoar a nossa "fodacilização" ao longo de anos e décadas. Como um bom vinho, o "ligar o foda-se" deve envelhecer e ganhar tradição, para só ser acionado e dado em ocasiões foda.

Pode parecer fácil. Mas não é. A maioria de nós, na maioria das vezes, é sugada pelas futilidades da vida, e se deixa envolver pelos seus dramas sem importância; vivemos e morremos por bobeiras, distrações e vicissitudes que nos leva a se foder igual a uma atriz pornô numa suruba. (Mark cita o nome da atriz nesse ponto).


Isso não é vida não, companheiro. Segura esse desejo de (se) foder aí e, agora, deixa eu te mostrar pelo que você deve se foder.

SUTILEZA # 1: LIGAR O FODA-SE NÃO SIGNIFICA SER INDIFERENTE, SIGNIFICA FICAR TRANQUILO EM SER DIFERENTE

Quando a maioria das pessoas imaginam o "ligar o foda-se", eles pensam numa perfeita e serena indiferença diante de tudo, uma calma que silenciaria todas as tempestades.

Não é por aí. Não há nada para admirar ou confiar quando o lance é a indiferença. Indiferença coisa de gente sequelada e medrosa. São uns acomodados que trolando na internet. 

Na verdade, esse povo indiferente muitas vezes tenta ser assim, porque, na realidade, eles realmente vivem se fodendo. Eles morre de medo do mundo e das consequências das escolhas que fazem. Daí, eles não fazerem nada. Eles se retraem numa dormência emocional montada por eles, introspectivos e com pena de si, se fazendo de distraídos diante desse coisa, que lhes exige tanto tempo e energia, chamado vida.

Minha mãe há pouco tempo perdeu uma grana para um amigo íntimo dela. Se eu ficasse indiferente, eu tinha dado de ombros, iria tomar uns goró e baixar outra temporada de uma série que eu gosto. "É, mãe, só lamento".

Mas, em vez disso, eu fiquei indignado. Eu fiquei puto e falei: "Não, mãe, que se dane. Nós vamos botar um advogado em cima disso e vamo atrás desse cuzão. Por quê? Porque eu tô pouco me fodendo. Eu vou lascar a vida desse cara se tiver de ser ".

Isso ilustra a primeira sutileza sobre estar pouco se fudendo. 

Quando dizemos: "Cacete, fica esperta, Mark Manson simplesmente tá pouco se fodendo", não estamos dizendo que Mark Manson não tá nem aí para nada. 

Pelo contrário, o que queremos dizer é que Mark Manson não se preocupa com a adversidade para alcançar os seus objetivos, ele não se preocupa em causar com algumas pessoas para fazer o que ele vê como certo, importante ou nobre. 

O que a gente tá dizendo é que Mark Manson é o tipo de cara que escreveria sobre si mesmo em terceira pessoa e usaria a palavra "foda" em um artigo 127 vezes diferentes porque achava que tava certo. Ele simplesmente tá pouco se fodendo!

É isso o que tanto chama a atenção - não, eu não, zé goiaba! -, a superação da adversidade. O fracasso ali na tua cara e você mostrando o dedo pra ele. As pessoas que ligam o foda-se diante da adversidade, do fracasso ou quando às vezes são forçadas a ter de engolir merda.  

As pessoas que simplesmente riem e depois continuam fazendo aquilo. Porque eles sabem que é o certo. Elas sabem que aquilo é mais importante do que elas, do que seus próprios sentimentos, do que seu orgulho e do que as suas próprias necessidades. 

Eles dizem "Foda-se!", não para tudo na vida. 

Elas dizem "Foda-se" a tudo o que não tem importância na vida. 

Eles se reservam a foda para o que realmente é foda. Amigos. Família. Objetivo. Pastel de feira. Numa ou noutra causa séria.

É por isso, porque elas se guardam para se foder apenas por  coisa grande, coisa importante, que as pessoas se deixam foder em nome delas como resposta.

 "Eu tô pouco me fodendo se eles se lembram de mim" - Frank Zappa 

SUTILEZA # 2: PARA NÃO SE FODER NA ADVERSIDADE, VOCÊ PRECISA PRIMEIRO SE FODER COM ALGO MAIS IMPORTANTE DO QUE ADVERSIDADE

Eric Hoffer escreveu uma vez: "Um homem provavelmente vai se importar com o que é da sua conta, quando isso tiver valor. Quando não tiver, ele vai voltar a mente do que era da sua conta para cuidar da vida dos outros".

O problema é que as pessoas saem se fodendo como vendedor sai vendendo água na praia em pleno verão. E isso porque elas não têm nada mais digno pelo que se foder.

Pense no seguinte. Você está no mercado. E tem uma senhora idosa gritando com o caixa, reclamando com ele por não aceitar um cupom de desconto dela de 30 centavos. Ela vai se foder por isso? São apenas 30 centavos.

Bem, eu vou te dizer o porquê. Essa velhota provavelmente não tem nada melhor para fazer nos seus dias do que se sentar em casa e recortar cupons pela manhã. Ela é velha e solitária. Seus filhos são uns manés e nunca a visitam. Ela não faz sexo tem mais de 30 anos. Sua pensão não dá pra nada e ela provavelmente vai morrer em uma fralda totalmente gagá. Ela não pode nem peidar que já sente dor. Não consegue nem assistir TV por 15 minutos, que já cai no sono e perde o bonde da trama da novela.

Então ela corta cupons. Isso é tudo o que ela tem. É ela e seus malditos cupons. O dia todo, todo dia. É tudo o que pelo que ela pode se foder, porque não tem mais nada pelo que fazer. E então, quando aquele cara de bolacha de 17 anos de idade, rejeita um cupom, defendendo a sua caixa registradora como os cavaleiros antigos defendiam a virgindade das donzelas, pode apostar que a vovó vai pirar na batatinha e virar bicho na frente dele. 

Oitenta anos de foda vão desabar de uma só vez, e um festival de "No meu tempo" e "A molecada tinha mais respeito" vai vir à tona, com voz trêmula e esganiçada, para desespero do povo em volta.


Se você anda constantemente se fodendo por qualquer chatisse- seja a nova foto que o/a ex postou no Face, ou por que as baterias do controle remoto esgotam muito rápido ou por que perdeu a promoção de 2 sabonetes por 1 - a chance é grande de que você não tenha coisa melhor para se foder vida!


Na vida, a foda deve ser bem dada. Realmente não há como não se foder. A questão é simplesmente como cada um de nós escolhe aplicar nossa foda. Você tem um limite para aguentar se foder na sua vida, então você deve fazer isso com cuidado. Como meu pai costumava dizer: "Nem todo dia é dia de foda, Mark." OK, ele nunca disse isso. Mas, foda-se, finja que ele disse. O objetivo é que foda tem de ser merecida e depois investida com sabedoria. 


SUTILEZA # 3: TODOS TÊM UM LIMITE ATÉ ONDE AGUENTA SE FODER; PRESTE A ATENÇÃO ATÉ ONDE VAI O SEU

Quando somos jovens, temos toneladas de energia. Tudo é novo e emocionante. E tudo parece tão importante. Aí a gente vive se fodendo a rodo. A gente se fode por tudo e com todos - sobre o que as pessoas estão falando da gente, se aquele/a garoto/a bonito/a nos ligou de volta ou não, e até se as nossas meias combinam ou não ou a cor do balão da nossa festa de aniversário.

À medida que envelhecemos, ganhamos experiência e começamos a notar que a maioria dessas coisas tem um impacto curto nas nossas vidas. As opiniões das pessoas sobre as quais nos preocupamos há muito tempo foram deixadas de lado. Encontramos o amor que precisamos e, portanto, essas rejeições românticas que davam vergonha deixam de ter valor. A gente se dá conta que poucas pessoas prestam atenção nos detalhes superficiais em nós e focamos em fazer as coisas mais para nós e menos para outros.


Essencialmente, nos tornamos mais seletivos quanto ao pelo quê vamos nos deixar foder. 

Isso é algo chamado "maturidade". É bom, você deve tentar qualquer hora. Maturidade é o que acontece quando se aprende a se foder somente pelo que realmente vale a pena!

Como Bunk Moreland disse na série The Wire, para seu parceiro Detective McNulty: "É o que você ganha quando se fode na hora que não era sua vez de se foder".

Então, à medida que envelhecemos e entramos na meia idade, outra coisa começa a mudar. Nossos níveis de energia caem. Nossas identidades se consolidam. Nós sabemos quem somos e já não desejamos mudar o que agora parece inevitável em nossas vidas.

E de forma estranha, isso é libertador. Já não precisamos nos foder por tudo. A vida é exatamente o que é. Aceitamos, verrugas e tudo. Nós percebemos que nunca vamos curar o câncer ou ir à lua ou apalpar os peitos de Jennifer Aniston. E tudo bem. A porra da vida que segue. 

Francamente, minha querida, eu não me importo

Então, de alguma forma, um dia, muito depois, nós acordamos e estamos velhos. E, junto vão os nossos dentes e com o nosso desejo sexual, nossa capacidade ligar do foda-se já será coisa do passado. 

No crepúsculo dos nossos dias, levando uma existência paradoxal em que já não temos energia para brincar com as coisas grandes da vida, mas, ao contrário, passamos a nos foder com coisas bobas e mundanas, que vão só piorando em nossas vidas: onde almoçar, consultas médicas para cuidar das nossas juntas, descontos de 30 centavos no supermercado e a dirigir sem cochilar e matar um bando de órfãos num estacionamento. Você sabe, essas coisas mais práticas...

Então, um dia, em nosso leito de morte e (espera-se), cercados pelas pessoas por quem nós nos fodemos a maior parte da vida e daqueles poucos que ainda se fodem por nós, com um suspiro silencioso, vamos suavemente deixar de nos foder. Em meio às lágrimas e aos bips, mais e mais compassados do monitor do coração, enquanto a luz envolvente da atmosfera hospitalar vai se esvaindo, partiremos para um vazio desconhecido de não fodalidade.


Namaste, seu fudido!

Texto original