Olá, Meninas!
Nós estávamos pesquisando algo para escrever em homenagem às mulheres, não ao "Dia Internacional da Mulher", pois achamos que o dia de mulher é todo dia, mas não encontramos completo com que nos identificássemos.
Refletindo um pouco, nos demos conta de que tínhamos alguns insights para compartilhar, certas observações e experiências, envolvendo o papel, os direitos e as dificuldades que as mulheres ainda encontram por aí.
E o que segue é um pouco do que viemos lendo, pensando e notando em nossa cultura e comportamento coletivo sobre a situação da mulher.
E sabem o pior de tudo?
São coisas que, de tão evidentes, prejudicam vocês e vocês nem se dão conta...
1 - Mulheres, parem de se desvalorizar!
As mulheres conversando entre si:
Amiga, tú namora e tá saindo com outro cara? Tu é muito piranha!
A namorada, ao flagrar o namorado com outra:
O que você está fazendo aí com essa vagabunda? Quem é essa puta?
Mulheres falando de mulheres:
Minha amiga não tá nem aí, pega geral. Maior galinha!
Respondam, ao lerem essas frases, os homens precisam desbancar vocês, discriminá-las e diminuí-las? Não, não é? Vocês já fazem um "belo" trabalho!
Querem mais respeito, dignidade e equidade? Comecem tirando do caminho tudo o que impede que essas condições existam.
Parem de depreciar umas às outras.
Sim, vocês se julgam muito mal. Vocês se deixam ainda arrastar pelo machismo que compreensivelmente formatou as suas consciências como mulheres, e o promovem ficando umas contra as outras.
"Girls just wanna have fun" já dizia a letra da música de Cindy Lauper, nos anos 80.
Sim, as meninas só querem se divertir. Querem ser felizes, fazendo o que for e como for. Namorando, pegando geral, exibindo o corpo. Enfim, se expressando.
Mas e o respeito? E a dignidade?
Respeito e dignidade são o que a mulher consciente e responsável por si, decide que eles são para ela.
É verdade que muitas de vocês às vezes se exibem demais, se insinuam demais, namoram demais. Tá bom.
Duas questões a responder:
Essas mulheres estão fazendo o que querem fazer?
É por elas e para elas ou para os outros que elas estão se exibindo?
Se for por elas, não há nada demais. É o modo delas ganharem seu espaço, se promoverem.
Por que o problema aqui é se vocês conseguem impor respeito e se manterem dignas. E respeito e dignidade, independem da roupa. E não têm nada a ver com como você expressa a sua sexualidade também.
É tudo uma questão de consciência e responsabilidade pessoal. De Autoconhecimento.
Há lgumas meninas e mulheres inconscientes, jogando contra elas? Ok. É verdade. Algumas mulheres acabam se mentendo em relacionamentos abusivos, viram amantes, etc.
Mas essas só precisam ser conscientizadas e capacitadas para perceber as suas fragilidades. E não tolhidas.
Muitas delas, como todas as outras, só querem uma coisa: serem felizes.
Sensualizar, se mostrar, se deixarem envolver por alguns espertalhões, pode ser a única forma que algumas encontraram de se autoafirmar, de se conhecer, de buscarem a sua felicidade. Não é porque elas não "não se dá ao respeito" ou porque "não tem vergonha".
O "sex appeal" deve ser uma arma da mulher, usada sempre a seu favor. Se ela sabe que pode ganhar algo com isso, material ou moral, qual o problema?
Se elas querem sair com quantos homens quiserem, que saiam.
Algumas querem exibir suas curvas e dotes físicos? Fiquem à vontade.
Não. Roupas curtas, comportamento sensual e "sem-vergonhice" nada disso diminui vocês.
O que diminui vocês, e qualquer ser humano, é quando as suas ações são feitas sem consciência, sem um senso de dignidade, apenas em resposta às tendências e mesmo às tradições.
Vocês, mulheres, não façam eco ao mais sórdido machismo, que ofende vocês, seja quando vocês "dão" seja quando vocês não dão.
Vocês, mulheres, parem de perpetuar a opressão patriarcal, religiosa e tribal que se esconde por trás desse tipo de palavreado que sempre definiu vocês pelo comportamento sexual e pelo vestuário.
É claro que o mundo está montado de maneira patriarcal. Não se vê programas de tv, comerciais de produtos, cujos bailarinos e atores em perfomances ou papeis sensuais sejam feitos por homens.
São vocês que estão lá exibindo seus corpos lindos e sarados, seus cabelos esvoaçantes e suas curvas insinuantes provocativas, em trajes mínimos.
Isso foi o que fizeram com vocês. Mas enquanto vocês não mudarem essas estruturas, muitas de vocês podem se aproveitar delas para crescer.
Vocês fazem melhor em usar o sistema contra o sistema, denunciando essas práticas e abusos, disfarçadas de entretenimento, do que ficarem atacando umas o comportamento das outras.
Aprendam a reverter isso em função de vocês. Aprendam a se impor. Mudem o mundo a partir das estuturas sobre as quais ele foi edificado.
Digam, "podem olhar, mas não podem tocar sem o meu consentimento".
Afirmem, enquanto garantem o seu futuro e não houver outro modo melhor "Eu faço isso e aquilo, porque foi o que o status quo me legou, mas não serei tratada mais como objeto."
Isso é usar o inimigo contra o próprio inimigo.
Pena que o inimigo, meninas, muitas vezes continua alojado dentro de vocês. E enquanto ele morar aí, vocês continuarão sendo vítimas e carrascas de vocês mesmas.
2 - Mulheres, esqueçam as "fábulas de amor"!
Aqui falamos para aquelas que ainda carregam o ranço das tradições românticas.
Qual o lugar da mulher? Muitas já sabem que é onde vocês quiserem.
Pena que algumas ainda acham que para serem felizes, tem de assumir certos papéis tradicionais, seguir determinados roteiros. E o que não faltam são fábulas para alimentar em suas cabeças essas ilusões.
Quantas ainda acreditam em "alma gêmea"? No "cara certo"? Ou que, em termos de relacionamento "o que tem de ser vai ser"?
Trouxemos até uma convidada, Renee Suzanne, para falar mais desses "mitos românticos" .
O que a mulher precisa entender é que ela pode, sim, amar. Mas que para isso, ela terá de se desapegar dos "mitos".
Caso contrário, ela ficará tão carente e sozinha - condições alimentadas pela fantasia e vice-versa -, que acabará nos braços do primeiro "príncipe" que aparecer.
Já falamos sobre isso aqui e aqui.
Se você, mulher moderna, livre, independente que realmente garantir a sua felicidade deve ter cuidado com os papéis que, seja a tradição seja as tendências modernas, ditam para vocês.
Papéis pré-definidos estão e estarão sempre errados!
Veja o que é tradição e o que é modismo no seu comportamento. E no meio deles descubra quem é você.
Se você não quer ser bela, recatada e do lar, também não assuma outro papel dado a você pelo mundo exterior.
3 - Mulheres, vocês não precisam ser um homem às avessas!
O que é ser mulher? Seria ser um homem, só que ao contrário?
Não transformem a luta pela equidade em um patriarcalismo "matriarcalizado".
O que? Como assim? Vamos explicar.
Todo ser humano quando se insurge contra um situação opressora, muitas vezes as armas que ele usa são as que usaram contra ele.
É lógico que vocês vão se revoltar usando as mesmas armas que foram usadas contra vocês: humilhação, abusos, assédios, segregação, discriminção, piadas e zombarias.Vocês não precisam de um homem, seja para casar e sustentá-las seja para servir de contra-modelo.
Algumas de vocês parece que definem a sua feminilidade a partir do que não é ser homem. Parem com isso.
Reação não é algo inteligente a longo prazo. Reagir é normal no começo, quando nos insurgimos contra algo, uma opressão psicológica ou social.
Um refém que se revolta e consegue escapar do seu cativeiro está reagindo.
Mas se ele não tiver uma atitude planejada para garantir a liberdade, pode cair nas mãos dos sequestradores novamente.
Descobrir ou estabelecer o seu lugar na sociedade não significa se tornar um homem às avessas.
4 - Mulheres, vocês não "tem que" casar e ter filhos!
Parem de torcer o nariz quando alguma amiga diz para vocês que não vê graça em casar e ter filhos.
"Ué, você não tem sentimento maternal?"
Não, ela não tem. Ninguém tem. O que se discute até hoje é uma questão instintiva a biológica: é a mulher que leva a espécie adiante, pois é ela quem dá a luz.
Mas muitas não querem isso para elas. E daí?
Muitas mulheres, a maioria, até muito pouco tempo atrás, casavam para não garantirem sustento, um casa e não terminarem sozinhas.
Há tantas mulheres que ainda casam e têm filhos, só para atender ao clamor - hoje mais tímido, porém ainda danoso - da sociedade.
Hoje vocês, trabalham e conquistam suas coisas. Para que ter um homem do lado? Sexo? Talvez. E olhe lá.
Para quê uma moça deve entrar nessa, se ela não se identifica com isso? Para descobrir mais tarde que, para ela aquilo nunca foi de fato uma melhor opção?
Se assuma, mulher! Não quer namorar, noivar casar, mora junto que seja, ter um marido, filhos e um cachorro, o modelo tradicional da família brasileira? Não tenha.
Do contrário o que você terá serão crises seríssimas de identidade e muita infelicidade. Não só você, mas o seu marido e os filhos que vocês teriam apenas para se convencer de que não cometeram um erro.
Viva para você e para as suas coisas. Certamente você contribuirá muito mais para a sociedade e para o mundo, daí da sua solteirice. E danem-se os conservadores e seus palpites.
Hoje, como nunca antes, você tem a liberdade de realmente escolher o seu futuro.
Hoje, está tudo bem se você não quiser dividir um teto e nem tiver o desejo de reproduzir.
Claro que também não há nada demais em ser mãe, para quem sente esse desejo.
Como vivemos numa época de transição, o melhor mesmo vai ficar quando os dois grupos, o das mulheres tradicionais e o das modernas, se respeitarem genuinamente, sem fingimento, cinismo e indiretas.
5 - Mulheres, vocês são "mulheres"!
Vocês podem ser do lar. Do bar. Do mar. Vocês podem ser como vocês quiserem. Vocês são muitas e diversas.
Quero dizer que, hoje, antes de serem um grupo, seja de recatadas seja daquelas que exigem direitos, vocês são únicas.
Sabe porque vocês ainda não se entendem? Porque vocês acham que precisam ser todas iguais - assim como fala o antigo modelo sobre vocês e sobre nós, homens.
Vocês são diferentes entre si. Várias.
Só uma coisa as equaliza: o direito de ser.
Não briguem com as outras porque elas não brigam. Elas estão no tempo delas, sob as influências delas. Influências essas que podem muito difíceis de se desvencilhar. E por que algumas não podem ser até felizes como estão?
Briguem apenas pelo direito de poderem escolher, seja brigar, assistir a luta ou ficar em casa. Viva a diversidade de pensamentos e comportamentos, lembram?
Vocês são tradicionais, dependentes, independentes, feministas, femininas, feminazis....tá vendo quando níveis e degraus nessa arte em contrução de ser uma "nova mulher para o século XXI?".
Nisso aí vemos claramente níveis de consciência.
É disso daí que vai sair a síntese do que vocês de fato defendem e pretendem se tornar.
Por enquanto, vocês precisam lembrar de que não existe a mulher. Existem "mulheres".
6 - Mulheres, os homens não são todos iguais!
Mulheres, prestem atenção. Assim como vocês, os homens também são diversos e variados em seu jeito de ser e de se comportar.
A intenção desse tópico é destacar o machismo introjetado que vocês carregam sem se dar conta (que se manista pelas aquelas ofensas lá do tópico 1).
No paquera, quando aquele cara não quiser nada com vocês, ele escolheu assim, e assim tem de ser respeitado. Ele não é gay ou broxa. Assim como você não "tá pedindo" nem é "periguete" quando sai de bermuda ou saia curta.
Nos relacionamentos, quando alguns deles se permitirem chorar ou falar dos seus sentimentos, eles não são "mulherzinhas". São homens. Talvez, claro, não como aqueles que segregaram e zombaram de vocês até hoje. Mas ainda são homens.
Muitas de vocês degradam homens que são "sensíveis demais". Atentem que foi e é com esse mesmo "ferro" que muitas de vocês foram e ainda são "feridas". Cuidado.
No trabalho, quando comandarem, não os imbecilize ou exija demais deles. Não os use para os "trabalhos braçais" que vocês podem fazer, assim como eles fizeram com vocês quando lhes empurravam para "tarefas de menina".
Não os tiranizem apenas para mostrar o "girl power". Isso não é "poder feminino", mas uma mulher imitando um machão para parecer mais mulher. E que tipo de mulher é essa?
Não riam entre vocês quando ele for sério demais e não ceder aos assédios que vocês, do alto dos seus cargos de "comando" exercem sobre eles. Há muitos casos assim em empresas.
7 - Mulheres, não cometam os erros dos homens!
Vocês falam de opressão. E há muita, de todos os tipos.
Mas a única foram de acabar com a opressão é destruir o ciclo da opressão:
... oprimido > se revolta> se torna opressor...
Sejam melhores do que eles, do que nós. Superem-se. É isso que vocês no fundo querem. Não sejam como muitos deles foram. E como muitos deles ainda são.
Está na hora de vocês terem a sua própria identidade. A sua própria lógica e estratégia de ação.
Perguntem a si mesmas: o que é ser mulher, hoje?
Sim, porque amanhã vocês também podem mudar. Não há um modelo a se estabelecer. Nós, homens, também estamos aprendendo a nos repensar. "Ser homem" já não é o que sempre foi.
Estamos aprendendo mesmo com vocês, ainda que muitos não tenham se dado conta.
Nem todo homem quer casar mais, como vocês;
Nem todo homem quer ter filhos, como vocês;
Nem todo homem acha que para ser homem, precisa sair pegando todas.
Até épocas recentes, afirmar qualquer uma dessas questões acima, levantava suspeitas sobre a "masculinidade" do indivíduo. Hoje, não mais.
Viu? Estamos mudando, nos redefinindo. Como vocês.
Por que vocês, às vezes até sem perceber, querem imitar os modelos masculinos de se estabelecer e de se comportar?
Formas com as quais nem todos de nós se identificam mais?
Não façam isso. Veja o que fizemos na história da humanidade, como todo o nosso poder, macheza e controle.
Vocês querem realmente isso para o futuro da humanidade?
Até mais?
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