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Minha experiência com Luiz Antonio Gasparetto


Olá, pessoal!


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Gosto de tudo o que é diferente e desafia o comum e as supostas certezas e verdades estabelecidas.
Penso que somos mais ainda assim quando nos sentimos naturalmente diferentes, seja na forma de ver, de se comportar, nos relacionarmos com a vida e com os outros.

O meu encontro com Luiz Antonio Gasparetto, pelo que eu me lembro, começou ali por volta de 1989, quando ele apresentava o seu programa bem aos moldes do que ele sempre fez, na extinta Rádio Diário, em São Bernardo do Campo.

Foi com ele que aprendi a primeira definição de paixão. O que nos leva a nos apaixonar? Segundo ele dizia no seu programa:
"A paixão é quando nós admiramos no outro características que não temos ou que negamos em nós".
Gostei disso desse da primeira vez que ouvi. Como eu tive uma adolescência de muita timidez, isso me ajudou a entender muito bem porque certas mocinhas me atraiam. Elas sempre eram extrovertidas, enturmadas, desenvoltas, falantes. Tudo o que eu não consguia por ser tímido. Esse padrão foi mudando aos poucos à medida que eu me desenvolvia psicologicamente.

Gasparetto também era divertido na forma de "tratar" dos problemas emocionais das pessoas. "Bancar a vítima", lamentar e chorar ao falar com ele, não era bom negócio.

Lembro de quando ele abria o telefone para os ouvintes - pelo que ainda me lembro, a maioria sempre foi composta por mulheres -, e elas começavam a exibir seus dramas pessoais, a reação dele não podia ser mais hilária:
"Já vai começar a bancar a vítima. Olha o chinelo. Vamos parar? Olha que eu vou pegar o chinelão!"
E o mais engraçado é que ninguém se sentia ofendida ou mal-tratada, mas engolia o choro e passava a conversar e considerar as orientações que ele dava, assim como as dicas para as pessoas serem mais responsáveis por elas.

Você em primeiro lugar.

Essa era uma das características dele que mais me chamaram a atenção sobre como devemos lidar conosco na relação com os outros.

Ter amigos, ser legal e ajudar é uma coisa. Agora fazer de tudo para destacar e dar importância ao outro e se deixar de lado, se anular, é como deixar de existir. "É colocar o poder na mão do outro". E isso é a causa de todo o mal.

Enquanto não estamos conosco e amamos a nós mesmos, enquanto não "nos colocamos em primeiro lugar", a felicidade é impossível. E o pior é descobrir que:
"Você está onde se põe."

Gasparetto e a Espiritualidade

Todos nós queremos acreditar que a morte não é o fim, mas de algum modo, uma passagem para uma outra vida, uma transformação de nossa forma de viver em uma totalmente nova e sem limites. Gasparetto tratava desses temas a partir de uma espiritualiade toda própria.
Para quem não sabe, ele começou como espírita, mas se tornou apenas espiritualista com o tempo. O espiritualismo encerra um variado conjunto de ideias sobre a vida e suas origens e finalidades que vão além de qualquer doutrina religiosa estabelecida e fechada.

Suas pinturas mediúnicas, chamadas nesse mundo da espiritualidade e da parapsicologia (que estudei por um tempo) psicopictografia, eu apenas via como maniestações artísticas latentes da sua própria personalidade, mais ou menos treinadas.

Gasparetto já era conhecido na TV por diversos programas durante os anos 80, pelas suas pinturas mediúnicas, feitas de modo muito frenético. O programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, idealizado por Augusto César Vanucci, no qual Gasparetto foi apresentador, era voltado a esses assuntos espiritualistas e foi um marco. Era uma época em que o interesse pelo tema estava em alta e os meios para acessar esse tipo de assunto eram escassos.

Para quem tem uma tendência mais racional e cética como eu, a forma como eu me aproximava e lidava com todo o palavreado dele, envolvendo a chamada "dimensão espiritual", era a de metáforas para estados psicológicos nos quais podemos entrar e que devemos cultivar. Portanto todas as suas estórias e relatos sobre o "mundo astral" ou "espiritual" ou tomava apenas como um rico folclore, simbólico, um conjunto de ferramentas para convencer e envolver melhor as pessoas para assumirem uma vida mais responsável e consciente.


Gasparetto e Calunga

Quem não se lembra dos seus amigos espirituais que iam muito além dos pintores famosos como Picasso e Henri de Tolouse Lautrec, como foi o caso do Calunga?

Foi já na época da Rádio Mundial FM, por volta de 1994, no programa "Conversando com você" que pela primeira vez eu conheci o que considero um personagem seu, usado para dar mais impacto à sua mensagem, Calunga. Um escravo que teria morrido por volta da virada do século 19 para o 20.

Calunga era engraçado, falava com um sotaque interiorano amineirado, mas tinha do Gasparetto a mesma rudeza e ênfase, na hora de tratar dos problemas da vida e quando falava ao telefone com as ouvintes. A diversão e a provocação da consciência eram sempre garantidas com a chegada dele.


Gasparetto, como psicólogo heterodóxo como sempre o considerei, na sua forma de ver e de viver a vida - e aqui quero deixar de lado qualquer juízo de valor sobre possíveis interesses pessoais dele - é daqueles tipos de indivíduos que faz você repensar as interpretações que herdamos sobre a vida, as certezas e as tradições sobre como viver e nos relacionar. Para mim essa é a maior característica dos indivíduos marcantes e que valem a pena conhecer.

Com ele eu aprendi a lidar com as minhas próprias dúvidas e reconheci que elas não são um produto da revolta ou do desajustamento. É isso que sempre aprendemos.

Não, você pode sentir as coisas de maneita diferente e fazê-las de modo diferente. Isso cria novos mundos, não só para nós, mas para outros. No mínimo quando duvidamos das certezas, ajudamos a outros a reconhecerem as suas dúvidas e incômodos e também a buscarem e mesmo a criarem novas realidades ou dimensões dentro das realidades tradicionais.

Se você gosta de questionar, de ir ao fundo no significado da vida e das relações e não aceitar apenas as respostas conformistas sobre tudo, você consegue ouvir, ler e assistir Luiz Antônio Gasparetto sem transformá-lo num guru concorrente dos outros de quem você se desvencilhou. Você descobre que você pode pensar e ter uma consciência própria sobre as coisas e seguir as suas próprias tendências que farão de você alguém mais verdadeiro e integral.

Com ele eu aprendi a me respeitar bem mais, me ouvir bem mais e me relacionar com o mundo, apenas. Mas se dar muito ouvido às tantas vozes que só nos querem formatar e conformar, ainda que seja com as melhores intenções do mundo.

A grande lição para mim deixada pelo velho "Gaspa" foi:
Assuma total responsabilidade por você, "se banque" em todas as suas decisões e sentimentos e se coloque sempre em primeiro lugar.
Espero que mesmo que, de um modo ou de outro, a realidade seja realmente mais do que o aquilo que vemos e que um dia de fato possamos nos reencontrar.
Foi um prazer tê-lo por aqui, amigo.

Gaspa


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