Pular para o conteúdo principal

Suicídio: 6 razões que levam as pessoas a cometê-lo


Olá, pessoal!


setembro amarelo suicídio depressão
Suicídio: falar e conhecer é a única maneira de prevenir



Como todos sabem, estamos no mês de combate ao suicídio. E em um blog que fala de autoconhecimento e sobre encarar a realidade da vida, o suicídio é certamente um assunto mais do que pertinente pois concorda com a nossa tendência por aqui que é a de tomar a vida em toda a sua crueza e complexidade.

Precisamos acima de tudo derrubar três barreiras antes de nos aproximarmos de maneira adequada de um tema tão obscuro quanto negligenciado como é o suicídio.

A primeira é o silêncio. Nada dá mais combustível a um problema do que quando, ao invés de buscar as razões e fatos que o geram, nós calamos achando que com isso o problema simplesmente evaporará.

A segunda barreira é a insensibilidade. Desmerecer ou relativizar as dores e motivos alheios para realizar tal ato é o mais eficaz potencializador do suicídio.
Contra o suicídio, não funcionam ameaças psicológicas ou religiosas, rótulos de qualquer natureza. Quando se recorrem a expedientes como esses, os casos que em sua maioria seriam evitados podem acabar vindo a engrossar as estatísticas.
Muitas pessoas, principalmente jovens, só querem uma mão amiga ou um coração aberto que os escute.

A terceira barreira é a ignorância. Algo do que não se fala, do que pouco se sabe, acaba sendo alvo de pré-conceitos. Nenhum tratatamento adequado nasce daí. E no caso do suicídio, uma abordagem errada sobre os seus motivadores, enfim, sobre que tipo de suicídio está se desenhando ali, pode ser devastador.
Todo problema só pode ser resolvido quando devidamente estudado e analisado em suas causas, dinâmicas e consequências.

O nosso texto quer destacar que mais do que o suicídio, o que nos interessa são as pessoas que cometem suicídio.

Assim, já não dá para falarmos de suicídio, mas de suicídios.

Sim, o suicídio não igual para todo mundo. Cada suicídio é um suicídio. Por trás dele existe uma história pessoal, uma biografia e causas que nunca serão as mesmas de um indivíduo para outro.

Como são várias as situações e motivadores, o suicídio é um fenômeno complexo. E para assuntos complexos são necessárias abordagens diversas e adequadas, de acordo com cada caso.

Karina Fukumitsu, especialista brasileira em suicídio , costuma dizer em palestras e entrevistas:
depressão setembro amarelo
Karina Fukumitsu: o suicídio é o resultado
de um "processo de morrência"


 "Sem conhecer a história da pessoa, não se poderá nunca saber os motivos para ela pensar em se matar ou de já tê-lo feito", ensina.
       
         "Quando a gente chega no nosso poço existencial, tudo o que a gente quer é sair dele". 

       Para ela o suicídio na verdade é o ponto extremo do que ela chama de "processo de morrência".

        Devemos perguntar para a pessoa em questão onde dói, e junto com ela tentarmos buscar alternativas que acabem com a dor que não seja a morte.

       Fukumitsu mesma diz não ter uma definição para o suicídio e enfatiza: "só cada um que sofre poderia defini-lo a partir de si e da sua história".

  A seguir, apresentamos seis razões que levam as pessoas ao suicídio, segundo o médico americano Alex Lickerman, publicada no site Psychology Today.
depressão setembro amarelo suicídio
Dr. Alex Lickerman


Escolhemos essa lista porque ela traz um panorama amplo sobre as origens, os motivos internos e as diferentes circunstâncias externas que podem gerar um suicídio.
É praticamente uma tipificação do fenômeno que, embora talvez não sendo completa, explora os diferentes gatilhos do problema e nos dá pistas de como e por onde podemos começar a tentar abordar caso a caso.

A cada ponto, traremos algumas reflexões pessoais e contribuições que ajudarão você a ter subsídios para ampliar a sua reflexão e seu sentimento sobre esse tema.





1 - Elas estão deprimidas


Esta é sem dúvida a razão mais comum pelas quais as pessoas cometem suicídio. A depressão severa é sempre acompanhada por uma sensação penetrante de sofrimento, bem como pela crença de que escapar dela é impossível.

A dor da existência muitas vezes se torna excessiva para pessoas gravemente deprimidas. O estado de depressão distorce o pensamento delas, permitindo que ideias como "todo mundo estaria melhor sem mim" passam a fazer sentido.

Elas não devem ser culpadas por serem vítimas de tais pensamentos distorcidos, da mesma forma que um paciente cardíaco deve ser culpado por sentir dor no peito: é simplesmente a natureza de sua doença.

Já que a depressão, como todos sabemos, é quase sempre tratável, todos devemos procurar reconhecer sua presença em nossos amigos próximos e entes queridos. Muitas vezes as pessoas sofrem com isso em silêncio, planejando o suicídio sem que ninguém saiba.

Apesar de deixar ambas as partes desconfortáveis, em minha experiência, indagar diretamente sobre pensamentos suicidas quase sempre produz uma resposta honesta. Se você suspeitar que alguém pode estar deprimido, não permita que sua tendência a negar a possibilidade de ideação suicida o impeça de perguntar sobre isso.

__________________________

Aqui cabe uma distinção importante. Há a depressão clínica (ou química), que é fruto de um funcionamento neuro-químico deficiente do cérebro, e a depressão reativa.

No caso da depressão clínica, a pessoa sofre pelos "defeitos" na estrutura e no funcionamento do cérebro, ou seja, a origem é interna. Aqui os remédios são mais do que bem-vindos.
O desconforto é tamanho que alguns indivíduos não aguentam e se matam. Há especialistas que enfatizam até que não é a pessoa que se mata, mas a depressão que mata a pessoa.

No caso da depressão reativa, uma perda de algo ou de alguém em que a pessoa tenha investido muito de si - em termos materiais ou emocionais - pode fazer com que a pessoa desabe e não veja outra alternativa que não seja a morte. Em muitos casos essa depressão pode ser irreversível.
Imagine alguém que sobreviva após perder toda a família num acidente de carro, por exemplo. Como essa dor pode ser passageira?

Leia o livro: Mentes Depressivas - as três dimensões da doença do século.



depressão setembro amarelo suicídio
Depressão: um possível motivo



2 - Elas são psicóticas



"Vozes interiores" malévolas frequentemente comandam a autodestruição por razões incompreensíveis. A psicose é muito mais difícil de mascarar do que a depressão e é, sem dúvida, ainda mais trágica.

A incidência mundial de esquizofrenia é de 1% e geralmente atinge indivíduos que em outros aspectos são saudáveis ​​e bem desenvolvidos, cujas vidas, ainda que se possam controlar ​​com medicação, nunca chegam ao máximo que podiam.

Os esquizofrênicos são tão propensos a falar livremente sobre as vozes que os mandam se matar assim como- também minha experiência - em não dar respostas honestas sobre ideias suicidas quando perguntados diretamente.

A psicose também é tratável e geralmente deve ser tratada para que um esquizofrênico possa ter uma vida funcional. A psicose não tratada ou mal tratada quase sempre requer internação hospitalar em um recinto fechado até que as "vozes" percam seu poder de comando.

_______________

Os termos psicose e esquizofrenia estão associadas com um rompimento com a realidade, de modo que a pessoa tem dificuldade de distinguir o que é real e o que fruto de suas fantasias doentias. Nessas condições, a pessoa pode se sentir ameaçada por coisas que não estão lá objetivamente falando, e se matar.

Novamente precisamos ter muito cuidado diante de alguém que fala em se matar, para não sair chamando a pessoa de "psicótica" ou "esquizofrênica", só porque se leu esses rótulos em algum lugar.

E se a pessoa estiver apenas passando por um momento difícil? O tempo e uma conversa sensível e interessada poderá ajudá-la muito mais do que um rótulo patológico.

Lembre-se: cada caso é um caso e nenhum indivíduo é igual ao outro em suas ações e reações.


3 - Elas são impulsivas


Muitas vezes relacionadas com drogas e álcool, algumas pessoas se tornam sensíveis e, de modo impulsivo, tentam acabar com suas próprias vidas. Quando sossegam e se acalmam, essas pessoas geralmente se sentem profundamente envergonhadas.
O remorso é muitas vezes genuíno, mas se elas vão tentar ou não o suicídio novamente, é imprevisível. Eles podem tentar de novo na próxima vez em que ficarem bêbados ou alteradas, ou nunca mais.

A internação hospitalar não é, portanto, normalmente indicada. O abuso de substâncias e as razões subjacentes são, em geral, uma preocupação maior no tocante a essas pessoas e elas devem ser tratadas com o maior rigor possível.



4 - Elas estão gritando por ajuda


E não sabem como consegui-la. Essas pessoas geralmente não querem morrer, mas querem alertar as pessoas ao seu redor de que algo está seriamente errado.

Elas muitas vezes não acreditam que vão morrer, frequentemente escolhendo métodos que elas acham que não podem matá-las para atacar alguém que os machucou, mas às vezes elas estão tragicamente mal informados.

O exemplo prototípico disso é o de uma jovem adolescente sofrendo angústia genuína por causa de um relacionamento, seja com um amigo, namorado ou pai, que engole todo um frasco de Tylenol, sem perceber que em doses altas esse medicamento causa danos irreversíveis ao fígado.

Eu assisti a mais de um adolescente morrer de maneira horrível em uma UTI dias depois de tal ingestão, quando o remorso já os curou de seu desejo de morrer e o seu verdadeiro objetivo em alertar aqueles próximos a eles de seu sofrimento foi alcançado.

______

É por isso que é preciso entender caso a caso. As pessoas que se encaixam nessa categoria só querem ser notadas e ajudadas. Não devem ser ameaçadas com frases do tipo "Bem feito, agora está aí sendo castigado e sofrendo". Isso não ajuda em nada.

Quando as pessoas não sabem diferenciar esse tipo em relação a outras formas de tentativa de suicídio, podem ficar confusas e, no intuito de ajudar, piorar a situação. E as pessoas precisam entender: nem todo suicídio é evitável, embora a maioria (como os dessa categoria) o sejam.

Nesse tipo de caso, se aplica a frase conhecida de um especialista "o suicídio é uma solução definitiva para um problema temporário".


Suicídio: um desejo de vida disfarçado de desejo de morte



5 - Elas cometeram um erro



Este é um fenômeno recente e trágico em que tipicamente jovens flertam com a privação de oxigênio pelo "barato" que isso dá e simplesmente vão longe demais. A única defesa contra isso, ao que tudo indica, é a conscientização.

____

Alex nesse ponto acena para as "disputas" que tantos jovens fazem, ou a que são submetidos, para serem aceitos, provarem que tem valor ou se sentirem parte de um grupo (fenômeno associado ao ao movimento virtual da "Baleia Azul").

Nesses casos, os pais precisam estar por perto, conhecer os seus filhos, suas amizades, interesses, assim como as suas fragilidades. Embora as influências externas tenham mais poder sobre pessoas jovens, nenhum adulto fragilizado está livre de se deixar levar por grupos sociais maliciosos.

6 - Elas têm um "desejo filosófico" de morrer.


A decisão de cometer suicídio para alguns baseia-se numa decisão consciente, muitas vezes motivada pela presença de uma doença terminal dolorosa sobre a qual pouca ou nenhuma esperança de interrupção existe.

Essas pessoas não estão deprimidas, psicóticas, sentimentais ou implorando por ajuda. Eles estão tentando assumir o controle de seu destino e aliviar seu próprio sofrimento, que geralmente só pode ser feito na morte.

Eles muitas vezes olham para a sua escolha de cometer suicídio como uma forma de encurtar uma morte que vai acontecer seja lá como for virá. Do meu ponto de vista pessoal, se essas pessoas forem avaliadas por um profissional qualificado que possa excluir de forma confiável as outras possibilidades de por que o suicídio é desejado, essas pessoas devem poder morrer por suas próprias mãos.

_________

Aqui se enquadram exatamente aqueles suicídios inevitáveis e raros com relação aos outros casos.

Essas pessoas podem nunca ter exibido sinal psicológico algum, até descobrir que tinha uma doença incurável ou degenerativa. Sem muito longe, pense no processo natural da velhice que vai destruindo fisicamente o indivíduo, tirando-o de todas as atividades prazerosas e significativas.
Essa era a situação do australiano David Goodall, de 104 anos, quando se viu sem mais qualquer perspectiva de futuro. Veja mais aqui.

Precisamos entender que, para muitas pessoas, a perspectiva de um futuro de dor, humilhação, indignidade, solidão e sofrimento seja físico, material ou emocional, é insuportável. Embora haja outros que, apesar de todas as limitações impostas, acham que vale a pena continuar.

(Nem precisa se dizer que estão fora dessa categoria adolescentes desiludidos amorosamente, depressivos clínicos, dependentes químicos e impulsivos, psicóticos...)

Pessoas que se compreendem como fracassadas ou frustradas em seus sonhos, projetos e objetivos e, que, por isso, também se matam, caem nessa categoria do "suicídio filosófico" ou "existencial".

Sobre essas pessoas quem captou bem os sentimentos foi o poeta e escritor Rubem Alves, quando em palavras muito sensíveis disse, nesse texto:

Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia. 
                                                         


Como se vê, o fenômeno do suicídio é complexo, mas quando contactado da maneira certa, essa atitude pode trazer muitos esclarecimentos e faz cair por terra muitos mitos.

Quando largamos as nossas crendices e achismos, e olhamos e damos a devida atenção ao problema, vemos que em muitas de suas manifestações tudo o que se precisa é de mais sensibilidade e uma boa conversa.

Nunca se poderá combater as razões que produzem os casos que são evitáveis, enquanto trocarmos o conhecimento pelo preconceito.

Que filho ou filha irá conversar com pais sobre as suas dores e dúvidas se sabe que vai ouvir que é um "covarde", "um louco" ou "endemoniado"?

Preconceitos, sejam religiosos ou sociais, só fazem com que as pessoas que sofrem se calem e se afastem. E o que poderia ser evitado acaba sendo alimentado pela nossa própria ignorância.

Nesse setembro amarelo, aproveite para saber mais sobre o assunto e refletir de maneira mais detida e cuidadosa sobre o tema.

O nosso objetivo não é simplesmente combater o suicídio, mas fazer as pessoas voltarem a encontrar a "continuidade de sentido" em suas vidas, para usar a expressão de Karina Fukumitsu.

Ou, como falou o professor de filosofia Clóvis de Barros Filho no programa da Band "Café com Jornal":

        "Não adianta nada fazer prevenção do suicídio e condenar as pessoas a continuar vivendo numa tristeza insuportável."

       De fato. Estamos aqui para viver, e não apenas para suportar a existência. E isso é uma intuição que todos temos a respeito do que deve ser o processo da vida: ela pode até ser dura, mas jamais deverá se tornar suportável.

       E que um dia possamos identificar a cor desse mês apenas com as flores da primavera.


depressão setembro amarelo suicídio



Até mais!


#suicídio #setembroamarelo #prevenção #depressão


Saiba mais:


Comentários

  1. Olá! Tudo bem?

    Este texto foi um dos melhores que já li sobre esta pauta, parabéns! Me senti extremamente identificado com o sexto tópico.

    Noto que em muitos artigos que tratam do assunto reduz o ato ou o pensamento suicida como sinal de depressão e afins, omitindo a possibilidade do indivíduo chegar ao ato meramente por suas reflexões e ponderações acuradas, o que pode ser um equívoco, sendo que a senhora Karina afirma em uma entrevista que nem todas as pessoas que suicidam-se possuem depressão.

    Forte abraço ao autor!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita. Que bom que pude contribuir com a sua reflexão. Abraço!

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Mais lidos:

5 características da pessoa expansiva

Olá, pessoal! Expandir: crescer e transcender        Como age uma pessoa autoconsciente e expansiva?  Como a lguém que não quer apenas existir, mas viver plenamente, se comporta no cotidiano ?  Como é viver mais  feliz por que você está seguindo a sua própria rota de vida?          Digamos que você seja alguém que já tenha conseguido escapar dos  limites paralisantes da zona de conforto , como é possível identificar que você está vivendo naquilo que vamos chamar aqui de  "modo expansão" ?         A mentalidade expansiva produz uma maneira de ser, agir e reagir inconfundíveis. Podemos dizer que se torna um estilo de vida .         A pessoa conscientemente expansiva nunca está parada, instalada. Ela já se  conscientizou que, devido à nossa tendência  natural ao comodismo , nunca estamos nos  esforçando o suficiente.   ...

10 razões para não virar AMANTE [2020]

Olá, pessoal!         "Se tem uma pessoa que sabe o que é mágoa, dor e decepção, esse alguém sou eu. Mas eu continuei lutando para me tornar e melhor versão de mim mesma e superar quaisquer que fossem os obstáculos à minha frente. Por muitos anos eu achava que estava presa numa infelicidade da qual eu jamais sairia, todavia eu descobri que isso era uma falsa crença. Me dei conta de que tinha o poder para mudar a minha vida e criar um novo futuro, e é exatamente o que estou fazendo. Antes tarde do que nunca."         A declaração acima é de Carrie L. Burns , autora do post que trazemos para vocês nesta semana.  Carrie L. Burns: não seja uma amante        Carrie sofreu  abuso sexual  durante seis anos por parte de um vizinho pedófilo. E isso a fez ter muita raiva de tudo e todos. Isso e muito mais ela conta  nesse texto .        Viver depois disso, nos conta e...

Os 10 benefícios do Autoconhecimento [2020]

Olá, pessoal!        Autoconhecimento pode ser definido como o processo pelo qual alguém,  a partir da investigação dos seus gostos, limitações,  limitações,  ações e reações emocionais, conhece a  si mesmo .        Se conhecer não é um luxo, mas uma estratégia que todos desejam aprender mais sobre si e desenvolver como suas relações com os outros.         Mas como responder de maneira objetiva e exemplar a alguém para convencê-lo de que ir por esse caminho traz realmente vantagens no dia-a-dia?          Para destrinchar isso, vamos listar os que consideramos serem os 10 benefícios do autoconhecimento .  1) Se expressará melhor                  Se viver é comunicar, precisamos fazer isso de maneira adequada. Mas como falar daquilo (no caso, daquele) que não conhecemos: nós mesmos...